Em Paulínia, de forma covarde, há bastante tempo impera o reino da malversação com dinheiro público, fisiologismo, acordos espúrios, pilhagem descarada do patrimônio público, apadrinhamento e a regra de quem pode mais, chora menos. Tudo isso sob a cegueira do Judiciário, MP (Ministério Público) e omissão escandalosa do Poder Legislativo.
A licitação de R$ 5,6 milhões, para o aluguel de enfeites natalinos, é apenas mais uma comprovação desse conluio suspeito, digamos assim. Realmente, “há mais coisas entre o céu e a terra do que pode imaginar nossa vã filosofia”, conforme escreveu Shakespeare no século XVI.
Se em Paulínia as instituições funcionassem de forma adequada, esse absurdo jamais ocorreria. Em 2019, essa mesma Promotoria e Judiciário bloquearam a compra de um bolo de R$ 20 mil, que seria distribuído para milhares de pessoas, no aniversário da cidade.
No entanto, com outro grupo político no poder, em plena pandemia e com cepas novas do coronavírus no cenário, como o Ômicron, é permitido aglomerar e alugar "luzinhas" por um valor que nem Gramado, cidade gaúcha com tradição em eventos de Natal, vai gastar. Lá, serão aplicados R$ 2,8 milhões, e vai cair até neve do céu.
Como jornalista, e por dever de ofício, questionei o MP sobre a questão. De forma cínica, a Promotoria apenas comunicou que pediu “informações”. Depois, que está “aguardando” a prefeitura enviar as “informações”. Tudo isso há duas semanas.
Enquanto isso, a grana começou a ser gasta. Estamos presenciando, literalmente, uma “farra do boi” com o dinheiro dos pagadores de impostos. Um escárnio.
Não sou contra que a cidade seja enfeitada no período natalino. Entretanto, tal ação precisa levar em conta os princípios da Administração Pública da “razoabilidade” e “moralidade”, conforme bem explicado na Constituição Federal.
Deixarei de questionar alguns integrantes do MP com a mesma frequência. Não creio mais na idoneidade e legitimidade de todos os representantes da instituição em Paulínia. Os fatos falam por si. Aliás, gritam!!! Só incautos não perceberam o que se passa.
Aqui é permitido até “furar-fila” da vacina contra a covid-19, e com a aprovação escrita de quem deveria coibir tais barbaridades contra a coletividade. O curioso é que na página oficial do MP, na internet, existe uma aba para que tais desonestidades sejam denunciadas.
Assim, não é necessário “muito esforço mental” para se concluir que tal prática é ilícita, e, portanto, deveria ser tratada como crime hediondo, como já tem ocorrido em outros municípios brasileiros onde Themis, a Deusa da Justiça, é de fato cega.
Em breve, o reino da Justiça e do Estado de Direito voltará a prevalecer em Paulínia. Não percamos as esperanças. Afinal, a “Justiça tarda, mas não falha”.
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